Embraer lança o primeiro jato militar depois da Boeing-Brasil

P600

O primeiro avião militar da Embraer Defesa e Segurança (EDS) lançado depois da criação da Boeing-Brasil Commercial, empresa resultante da compra da divisão comercial da Embraer pelo grupo americano, será apresentado nesta terça-feira em Paris, no Salão Aeronáutico de Le Bourget.

O P600 AEW, avião de alerta aéreo antecipado e inteligência, é um jato de porte compacto, com alcance na faixa de 7,5 mil km. Será montado sobre a plataforma do jato executivo Praetor 600, de 12 lugares, mostrado ao mercado de aeronaves corporativas há sete meses.

Hoje, na França, a EDS e a israelense Elta Systems, assinarão o acordo de desenvolvimento que permitirá o uso de sistemas eletrônicos e digitais de 4ª geração. O principal deles é um radar de múltiplo emprego do tipo AESA (Digital Active Scanned Array), capaz de cobrir o campo de ação de 360 graus em menos de 10 segundos, com sistemas de identificação amigo/inimigo. A antena será montada em um casulo sobre a fuselagem.

O novo avião da Embraer também possuirá sistemas SIGINT (para coleta e inteligência de sinais), ESM (detecção e interferência em outros radares) e datalink (para a integração de dados com outras plataformas, como bases em terra, navios e outros aviões).

O preço do novo jato militar será definido de acordo com as especificações para atender as necessidades de cada cliente. A versão civil é cotada a US$ 21 milhões, mas o P600 AEW deverá custar muito mais: um concorrente de porte parecido, o Gulfstream/IAI G550 AEW&C, foi vendido recentemente para a Itália por US$ 375 milhões cada.

O acordo entre a EDS e a Elta, subsidiária da Israel Aerospace Industries (IAI), estabelece que sairão da indústria brasileira o avião, os recursos de terra e os sistemas de comunicação e integração. Os israelenses fornecerão o radar de alerta antecipado, mais os sensores de coleta de informações, vigilância e inteligência.

Os aviões de alerta aéreo antecipado (AEW) geram imagens situacionais do espaço aéreo em áreas fora da cobertura dos radares terrestres. Eles detectam, rastreiam e identificam alvos em uma ampla faixa de altitude.

Os consoles de bordo permitem a execução de missões variadas: fornecimento de imagens de situação, defesa aérea, reconhecimento marítimo, defesa terrestre. Faz a detecção de ameaças, atua como base aerotransportada de comando e controle com cobertura além do horizonte por meio de sinais de satélite.

O Prateor 600, sobre o qual a EDS vai montar o P600, é um jato bimotor de 20,7 metros, operado por dois tripulantes. Voa a 863 km/hora e tem autonomia intercontinental. Leva de 8 a 12 passageiros, além de 1,4 toneladas de carga. Faz parte da linhagem da família Legacy de jatos executivos. Até janeiro desse ano haviam sido entregues 111 unidades. O primeiro protótipo voou em novembro de 2012.

EMB-145 AEW&C

O P600 AEW não será a primeira aeronave do tipo feito pela Embraer: no final da década de 1990, a empresa desenvolveu o EMB-145 AEW&C (também baseado num jato comercial, maior que o Prateor) com relativo sucesso, com unidades encomendadas pelas forças aéreas da Índia, Grécia e México, além do Brasil.