Japão e Estados Unidos estavam em lados opostos durante a Segunda Guerra Mundial. Mas isso não impediu que os militares japoneses adotassem em suas forças armadas uma moto Harley-Davidson, fabricante que ainda é um dos símbolos culturais da nação mais poderosa do mundo.
No início dos anos 1930, a empresa americana passava por uma grave crise e viu em uma proposta da japonesa Sankyo Company para produzir as Harley-Davidson sob licença a chance de melhorar as suas finanças. Em um movimento inimaginável nos dias atuais, os americanos cederam todo o material para a produção local do modelo VL (1.200 cc) e do característico motor de dois cilindros do tipo flathead. O pacote inclui ainda ferramental e pessoal técnico para a montagem e operação da fábrica, Mas as motos não poderiam ser vendidas fora do Japão.
A Harley japonesa começou a ser comercializada sob a marca Rikuo. O motor de 1.200 cilindradas desenvolvia 28 cv e permitia ao modelo atingir a velocidade máxima de 97 km/h. Não demorou para que o governo militarista que controlava o Japão de então se interessasse pelo modelo, que acabou recebendo um sidecar e a denominação militar Tipo 97. Armada com metralhadoras, foi um dos principais veículos motorizados dos militares japoneses e teve uma produção total de 18 mil exemplares até o fim do conflito mundial, em 1945.
Curiosamente, a linha de motos Rikuo não acabou com o término da Segunda Guerra. Entre 1951 e 1959, já sob o comando da Showa (a fabricante de peças para motos), a marca retomou a produção de modelos que traziam um visual mais atual, mas ainda eram baseados nos conjuntos mecânicos das Harley dos anos 1930.